domingo, 31 de maio de 2009

... o que eu sou ...

entre todos os mais
eu sou um presente.

Um presente sem remetente
desembrulhado
pesado
de grego, sem devolução
e difícil de carregar

não um livro
(pois não esclareço nada)

sou um presente
com ontem "desdefinido"
adiado
trangredido
en passant
infame, não muito atrevido

atreva-se
entrave-me

um presente que não se recebe
que não é feito de memória
e não vem só em datas comemorativas
um presente ausente
sem jeito

não me antecipe
não me recorde
não espere um futuro...
me viva
me ouça
me dance
hoje
enquanto é agora.

terça-feira, 26 de maio de 2009

de descaminhar

[é que eu penso muitas coisas]...

inclusive
que ser poeta é ser um tanto mais atento
e desapercebido...
pois bem, digo que serei um pouco mais e um pouco menos
a partir de então
Pra que no fim de tudo,
no desfecho do mundo,
eu comece a caminhar um caminho torto

(mais vivo do que morto)

domingo, 17 de maio de 2009

...
e assim passado 1 ano, e mais a metade de outro, vou começando a sentir um pouco mais leve a tristeza de lembrar e de pensar em quanta falta faz aquele que de repente virou lembrança (boa), de vez em quando lágrima e homenageado de todas as danças - que apesar de "reggeiro" é celebrado em todos os ritmos. Porque o que sabia fazer de verdade era levar e espalhar a música quando falava, quando ria, quando teimava absurdamente, quando tocava seus acordes e assobiava...
O ano de 2007 terminou acabando comigo, com minha mãe e com muitos todos.

E lembrando de Bob... :
"cause every little thing is gonna be alright"

E quanto às passações, deixemos que elas passem bem. Que passaremos por elas um dia (de dia ou de noite. ou em uma hora q seja de nada) também.

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Salve salve Jorge! Meu pai, meu guerreiro dançante lindo (que mora entre a lua e as estrelas; e sorri de lá, de seu alto. toda vez que a música prossegue)


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quarta-feira, 13 de maio de 2009

e por

dizer de instantes...

Faço uma lista de coisas imprescindíveis
(a fazer e a pensar) :

- comer direito;
- arrumar todas as bagunças do quarto e da cabeça;
- ser mais pontual;
- falar mais;
- ir ao médico...

mas no meio (e pelo meio) me utilizo de reticências...
[vagueio pelo momento]
esse exato agora de quem escreve e de quem lê.

ele é tão sereno e bom. Tudo "desamanhecendo".
é quando o sol empresta sem reservas seu laranja mais bonito
e vão ficando um pouco mais esquecidos os deveres
e toda dança se passa ao meu lado e no meu ritmo
- o tom é suave -
e todo esse instante silencioso vai tornando a lista um pouco menos importante

[a lua é crescente]
...
até que não há mais para o que e o que programar.
os pássaros então sorriem
e eu também, em acompanhamento.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

assim assim meio Mosé.




é que ando praticando instantes ...........................
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domingo, 10 de maio de 2009

verão no lugar. no nenhum.



" (...)
Logo mais, espalhado pelos quatro cantos do mundo, desmemoriado, esquecido de mim mesmo, sou o vento e, no vento, essas colunas e esse arco, essas lajes que evocam calor e essas montanhas pálidas ao redor da cidade deserta. E nunca senti, tão profundamente, meu desapego de mim mesmo e minha presença no mundo.
Sim, estou presente. E o que me impressiona neste momento é que não posso ir mais adiante. Como um homem em prisão perpétua - e tudo é presente nele.
(...)
Se há paisagens que são estados de alma, são as mais vulgares. E eu seguia por toda essa região alguma coisa que não me pertencia, e sim a ela, como um gosto de morte comum a ambos.
Entre as colunas, agora de sombras oblíquas, as inquietudes fundam-se no ar como pássaros feridos"
...

(Bodas em Tipasa - Albert Camus)





[e dizendo de perfumes mais secretos, talvez]






sábado, 9 de maio de 2009

"vou levando assim..."

"e se eu fosse o primeiro a voltar pra mudar o que eu fiz
quem então agora eu seria?
...ahh tanto faz
e o que não foi não é
eu sei que ainda vou voltar
mas eu quem será?"... [Los]

... . .. ... ... .

Muitos braços
(de tamanhos diferentes)
música que deixa rastros na cabeça.
escalar a mais alta montanha
- mas sempre com uma corda de segurança,
que é pra ter somente a sensação de perigo -
se sentir triste em algumas partes do corpo
pra depois se achar a mais feliz.
reconstituir uma cena inteira na cabeça
(a que mais gostou em todas as vidas)
sorrir...

sentir-se leve e
sair
encarar
escancarar
fugir e voltar, sempre!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O poema respira dentro de mim... todo ele assim:
completo, denso e exagera
E eu transpiro à sua pulsão.
Tudo em volta é calmaria. Vida rotineira
Pessoas se movimentam calculadamente
e acham perigoso viver ao sabor do vento
sem ter que se preocupar com bases precisas de apoio.
Mal sabem elas que cá dentro acontece a maior revolução
de todos os tempos.
Eu me ajeito na cadeira
tentando tapear o inevitável
- as mãos trêmulas, um gosto apressado na língua -
tento estabelecer contato com alguém
[mas a pressa me sufoca]
então, aceitando o meu caminho,
me vêm de revoada pensamentos vários...
Me escondo, tapo os ouvidos, a alma, concentro e enfim
pego a caneta. Me deixando fluir.

O que eu consigo é uma frase sem sentido e mal resolvida:
"estive aqui todo esse tempo
para só agora ser"

Indago ao mundo sobre mim, sobre o desejo
e voltando pra frase...

começo a escrever